Para o homem que ri...

...e também chora, ora.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Capítulo 4 - Interlúdio

A chuva não para, quando ela nunca começa.

O chão não se molha, quando ele nunca se seca.

O começo não para, quando ele nunca termina.

quarta-feira, agosto 17, 2005

Capítulo 3 - Sub-Raízes

Agatha suspira.

Ela não sabe onde Tobias foi...
Ela só sabe que ele não está com ela...
Isso já basta...

Agatha suspira.
Agatha suspira.

Ela sente algo estranho dentro dela, algo que aperta, que espreme, por dentro...Ela nunca tinha sentido nada assim...
É quando seus braços parecem pesados, seu pescoço dobrado, sua nuca tensionada, seu peito em pedaços, seu estômago em círculos...
Quando se dá conta seu rosto está em volto em lágrimas.
E ela não sabe por que..:

Honestamente
Não sei
Da onde surgem as mágoas
Honestamente
Não sei
Onde se fazem as lágrimas

Meu rosto umidecido
Meus olhos estão tristes
Meu sorriso não existe

Um mundo estremecido
Com lagos invadidos
Pela água dos oceanos

Meu rosto umidecido
Meus olhos estão tristes
Um sorriso que não existe
Me faz pensar
Em não continuar

Um mundo estremecido
Honestamente
Não sei
Onde se fazem as lágrimas
Honestamente
Não sei

Não sei

Não sei

Não sei

Não sei

Não...


Agatha está no chão.

Agatha tem centenas de pessoas a sua volta.
Mas nesse instante, ela está sozinha...
E não sabe...

Não sabe...

terça-feira, agosto 09, 2005

Capítulo 2 - Raízes

Na Cactozação existe um processo extremamente importante, que só virá a se concretizar completamente após algum tempo, temos então a enraização. O tempo para um cacto enraizar-se varia, de dias a anos, e muitas vezes ele sequer cria raízes. No entanto, se um dia ele deseja voltar a ficar umedecido, será preciso estar bem firme em suas raízes...

Era um dia dos mais agradáveis, o sol estava quente, passando a sensação de útero materno, estava um vento fresco, que não chegava a ser de verão, mas também não nos deixaria de braços cruzados, encolhidos, com frio.

Agatha caminhava por entre os canteiros floridos que compunham o jardim de sua casa, eles estavam repletos de hortênsias graúdas, em todas as cores frias nas quais foram concebidas. Elas se moviam de acordo com a brisa fresca, em um movimento quase que estático, mas que fazia toda a diferença...

Agatha, ao observar as flores rasteiras, abaixa-se e arranca uma erva-daninha que estava crescendo em meio as mais belas flores que nunca existiram. Ao retirar, ela percebe uma formiga, nem muito grande e nem muito pequena, andando em meio as frágeis raízes da erva. A formiga parecia desnorteada, Agatha coloca a erva na terra para que a formiga possa seguir seu caminho. A formiga anda mais um pouco entre as raízes da planta antes de voltar à terra úmida e se achar entre as flores.

:Boa sorte, formiguinha...Agatha dizia ao perdê-la de vista.

Então, ainda abaixada, pensativa, ela olha um pouco por entre as flores, um beija-flor se aproxima de seu rosto, e enquanto ela se levanta, abre um enorme sorriso olhando para o beija-flor...


:Como posso pensar em mim?
A vida é muito maior!
Como posso ser assim?
Eu vou ser muito melhor!

Com formiguinhas trabalhando
Pássaros voando
E eu sou quero cantar

Quantos dias nesse ano
Em que eu estou brincando
Eu fiquei sem dançar? (:Nenhum! responde o beija-flor)

Não há motivos para guerra
Não há exageros no amor
Podemos ser sempre felizes
É só esquecer a dor

Como posso pensar em mim?
A vida é muito maior!
Como posso ser assim?
Eu vou ser muito melhor!

As flores estão sorrindo
E eu juro que estou ouvindo
Elas só querem cantar!

O mundo é tão lindo
Quando está se abrindo
Para que possamos amar!

Não há motivos para guerra

Não há exagero no amor

Podemos ser sempre felizes!
É só esquecer da dor!

Como posso pensar em mim?
A vida é muito maior!
Como posso ser assim?
Eu vou ser muito melhor!

O beija-flor segue seu caminho por entre as árvores do jardim de Agatha, e ela segue seu jardim por entre os caminhos do beija-flor.

Alguns poucos minutos depois, Agatha retorna a sua casa e vai em direção ao telefone

:Alô?.. Oi, Dona Márcia?!.. Tudo bem com a senhora?. .Eu tô ótima! Hehe.. Viu, o Tobias ta por aí?.. Não?.. Ah, tudo bem, então mais tarde eu ligo!.. Não, não precisa obrigada... Ele tá de celular?.. Hum, ok...bom, obrigada Dona Márcia... até mais, viu... beijo... tchau!

quinta-feira, agosto 04, 2005

Nós temos diversos caminhos pré-estabelecidos nos nossos subconscientes, como o caminho de volta para casa, o caminho para o banheiro mais próximo, o caminho do bolo alimentar... Os caminhos são naturais até mesmo quando estamos perdidos em pensamentos. No entanto quando sentimos demais, alguns dos nossos caminhos se perdem... Ficamos sem rumo... O caso mais crítico de “perda de rumo” relatado até hoje foi o de Agatha, 20 anos, que perdeu o caminho das lágrimas em seu rosto...








Cactos Secos


Capítulo 1 – Espinhos

“O mundo nos derruba o tempo todo, e nós sempre tentamos levantar, denovo e denovo... No entanto, chega uma hora em que preferimos ficar sentados no chão para não cairmos novamente...”.

A Cactozação, ao contrário do que muitos pensam, começa pelos espinhos. Ao cair, levantando-se ou não, criamos espinhos, para nos protegermos dos outros, evitando que eles nos derrubem. O que nunca pensamos é que, se cairmos novamente, os nossos próprios espinhos vão nos machucar ainda mais...

Agatha já foi feliz.

Todo dia ao acordar, quando se olhava no espelho, ela soltava um sorriso sonolento ao ver seu pequeno peixe Insólito refletido, nadando alegremente em seu grande aquário.

:Bom dia, Insólito! Dormiu bem, meu anjo? dizia Agatha ao pequeno peixe roxo.

E seguia sua rotina, escovando os dentes.

E tudo era como deveria, fazendo da vida de Agatha, normal. As coisas aconteciam como deviam.
Às vezes algo saia do controle, mas nada que não se conserta-se com um pouco de tempo...

Até que...tudo ruiu. O mundo parecia ter sido paralisado no quinto primeiro segundo de sua explosão, e as coisas não aparentavam qualquer melhora...

E Agatha chorou copiosamente, como nunca havia chorado.
No entanto, ela se cobriu de espinhos, tímidos e bem afiados, para que nada daquilo acontecesse novamente com ela.

Mas tudo piorou.
E piorou.
Piorou.

E ela nunca mais chorou.

terça-feira, agosto 02, 2005

Quarta Temporada

Personagens novos vão surgir, coisas novas vão acontecer e estaremos recheados de referências às temporadas anteriores...





Ah, e não percam a trilha sonora, disseram que vai estar ótima...